Labirinto .

Elias Maroso




 Exp. Labirinto 

Fotografias postais (10 x 15 cm)

Intervenção urbana
Picture-motion (1min 30s)
Videoinstalação

Santa Maria / RS

Ano de 2014

Elias Maroso

Sobre uma superfície branca acostada na parede da sala, um vídeo em looping é projetado contendo uma ação no próprio recinto expositivo e uma série de fotografias feitas na rua. Na ação do vídeo, posiciono o mesmo suporte de projeção na frente de uma imagem exposta. Pela superfície branca, entro em uma sequência de registros-de-registros fixados em várias quinas da cidade. Como um mise en abyme fotográfico, a sucessão de molduras adensa percursos da rua no centro compositivo e fazem a fotografia se perder no limite de si mesma, no limite de sua tecnologia. Engolindo-se pelas bordas, essa recursão termina na mesma sala de onde veio, concentrada em um único registro. Toda a vez que a última fotografia é escondida pelo anteparo, o circuito de giros pela rua recomeça.

Labirinto veio de longas caminhadas por bairros remotos de Santa Maria com uma máquina fotográfica muito simples e barata. De início, essas caminhadas com fotografia tratavam de coletar partes da rua que poderiam servir de referência visual para a construção de volumes para fachadas de edifícios abandonados. As fotos eram tiradas por um atingimento direto e intuitivo com o espaço. Com a excitação do olho, câmera nas mãos e no curso das pernas, a coleta foi vazando para outras coisas sem qualquer utilidade, nem mesmo utilidade expositiva. Gravei a diferença de azulejos separando os cômodos de uma ruina, aquele backlight pelado que mostra os fios e as lâmpadas de dentro, o senhor que testava tons de tinta para apagar uma pichação de muro.



Elias Maroso


Fui pelas ruas pegando a luz sem razão de ser a não ser o próprio impulso de gravar a imagem por esse atingimento no espaço. A máquina se enchia de fotos e o deslocamento inchava as pernas. Foram tantas as imagens digitais que os endereços se embaralharam. Ainda hoje não sei de onde uma ou outra veio. E essa combinação de pernadas com a repetição de fotografias foi deixando de ser o antes de outras ideias para ser uma vontade aberta de linguagem, sem grandes pretensões, mas com dimensão poética própria. Labirinto vem, então, de uma etapa preliminar do processo criativo para ganhar a forma de uma videoinstalação. Esse trabalho foi pensado especificamente para a Sala de Exposições Claudio Carriconde (Centro de Artes e Letras, UFSM) e exibido em fevereiro de 2014.

Elias Maroso